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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Feridas: A grande vilã dos cavalos

Texto: Profa. Dra. Andressa Silveira, MV, DVSc


A natureza comportamental e o instinto de presa dos cavalos faz com que esses animais sejam altamente predispostos a traumas catastróficos que resultem em feridas extensas e que podem culminar em muitas complicações. Essa característica fisiológica equina somada ao uso de instalações inadequadas com arames, pregos e tocos de madeira expostos fazem com que as lacerações sejam problemas rotineiros em muitos haras. Muitas destas lacerações geram perdas significativas de tecidos com exposição de ossos, articulações e tendões, fato que muitas vezes impossibilita a aplicação de suturas ou mesmo impede a realização de qualquer tipo de tratamento.
É comum cavalos adquirirem feridas amplas com perdas de pele que cicatrizam por segunda intenção, ou seja, sem suturas e assim levam longo período de tempo para fechar, resultando em cicatrizes hipertróficas que podem impossibilitar ou limitar a performance atlética. Infelizmente, feridas que cicatrizam por segunda intenção podem causar diversos problemas. Um estudo americano, indicou que a segunda maior causa de descarte de equinos nos EUA é devido a feridas complicadas.
Além das feridas serem comumente extensas e contaminadas, o cavalo possui particularidades na fisiologia da cicatrização que difere de qualquer outra espécie. A cicatrização da ferida equina é considerada complicada e problemática e pode até ser equiparada com a cicatrização de feridas de pessoas diabéticas. O processo cicatricial da ferida equina destaca-se por apresentar uma fase inflamatória fraca e prolongada e fase fibroplásica exagerada. Em outras palavras, a cicatrização do cavalo é considerada lenta para “limpar” o tecido necrótico e rápida para formar tecido de reparação. Por isso vemos muitas feridas formarem um tecido de granulação exagerado, tecido chamado de “carne esponjosa” por alguns leigos. Esse tecido é fundamental para cobrir a lesão e permitir que a ferida cicatrize, porém a sua formação é exuberante no cavalo, de forma a impedir o fechamento da ferida.
Outro fator que atrasa a cicatrização é a falta de higiene e o uso incondicionado de medicamentos tópicos. A falta de limpeza e o excesso de pomadas e adstringentes pode estimular ainda mais a proliferação do tecido de granulação e retardar o processo cicatricial. É fundamental solicitar o acompanhamento veterinário durante a cicatrização de feridas amplas em cavalos, pois desta forma o veterinário pode avaliar a melhor maneira para tratar cada cavalo em cada fase do processo, de forma a impedir que a cicatrização que já é considerada problemática possa ser ainda mais prejudicada.

Fonte: Revista Mundo Equestre

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