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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Alimentação de Equinos: Princípios Básicos

O cavalo é um animal que representa sessenta milhões de anos de evolução. Ao longo desse tempo, ele desenvolveu habilidades e características físicas para chegar a sua forma atual. Uma destas características é seu hábito alimentar. O cavalo desenvolveu-se como animal herbívoro, especializando-se na digestão de fibras. Para isso, ele desenvolveu bastante o ceco, porção do intestino grosso habitada por bactérias que digerem as fibras da dieta do cavalo e as transformam em nutrientes como energia e vitaminas.

Outra forte relação da evolução equina com seus hábitos alimentares vem do fato do cavalo ter sempre sido presa e não predador. Isto o forçou a desenvolver hábitos alimentares que permitissem sua nutrição em constante movimentação. Por isso o cavalo é um animal habituado a refeições pequenas e frequentes.A utilização do cavalo na atualidade entra em choque com a sua natureza. Ele passou, por exemplo, a viver confinado em baias, quando sua natureza é estar livre em busca de melhores pastos.

É por isso que nós, como nutricionistas, veterinários, treinadores e proprietários de cavalos, devemos observar sempre uma série de princípios da alimentação equina, de modo a evitar distúrbios gástricos que possam prejudicá-los.

O primeiro e mais importante de todos estes princípios é frequentemente o que lembramos por último: água. A água compõe aproximadamente 60% da massa corporal do equino, e é o nutriente mais importante para a manutenção de suas funções vitais. A falta de água levará um cavalo à morte bem mais depressa que a falta de pasto, feno, ração ou sal mineral. Portanto, o primeiro mandamento da alimentação equina é fornecer água limpa e fresca sempre. A única restrição com relação ao fornecimento de água é o fornecimento de água imediatamente após o exercício físico. Neste caso o cavalo deve voltar à sua condição de descanso para poder consumir água à vontade.


Após a água, o ingrediente da dieta equina mais importante é o volumoso, ou seja, a forragem. Ela á a porção da dieta que vai de encontro à natureza do equino e é ela que vai proporcionar motilidade ao trato gastrointestinal do cavalo através das fibras que ela contém. Para respeitar a natureza alimentar do cavalo, devemos cuidar para que as forragens componham no mínimo 50% de toda a matéria seca consumida por ele. Um cavalo consome, em média, 3% de seu peso vivo em matéria seca por dia, isto é, de alimentos 100% secos, sem qualquer umidade. Usando o princípio acima, ele deve consumir no mínimo 1,5% do seu peso vivo de forragem seca por dia. Alimentos com alto teor de água, como pasto ou capim verde tem baixo teor de matéria seca, ao passo que alimentos como os fenos de modo geral tem alto teor de matéria seca e baixa umidade. Os fenos tem aproximadamente duas a quatro vezes mais matéria seca que as forragens verdes. Isto significa que os capins verdes e pasto precisam ser fornecidos em quantidades três a quatro vezes maiores que os fenos. Como exemplo, um cavalo de 400 kg deveria consumir aproximadamente 6 kg (1,5% de 400 kg) de volumoso seco, que equivale a aproximadamente 6 kg de feno ou 12 a 24 kg de capim verde.

Com relação ao fornecimento de ração, o cálculo é semelhante. Um cavalo precisa de 0,5 a 1,5% seu peso vivo de ração, dependendo de seu nível de atividade física e de seu estado fisiológico. Usando o mesmo exemplo de um animal com 400 kg, este animal precisaria consumir de 2 a 6 kg de ração por dia. Esta quantidade deve ser dividida em várias refeições ao longo do dia, novamente para respeitar a natureza do cavalo, que é de fazer diversas e pequenas refeições. Cada refeição de ração não deve exceder 3 kg, sendo o ideal refeições de 2 kg cada uma. As refeições de ração e volumoso devem ser alternadas, para que ambas sejam aproveitadas ao máximo pelo organismo equino. Um espaçamento de uma a duas horas entre uma e outra é o ideal.

Outro princípio a ser observado é a qualidade dos alimentos fornecidos. De nada adianta fornecer capim à vontade se a qualidade deste capim for questionável. É comum nesta época do ano observar pastos altos e acreditar que há pasto suficiente para os equinos. Mas fatores relacionados à idade da planta e ao ambiente já tornaram esta forragem pouco nutritiva, por maior massa que ela apresente. Outra observação comum é a prática de fornecimento de capim picado. Frequentemente são usados capins com digestibilidade menor, como o elefante (napier), e no processo de moagem é incluído o caule da planta, do qual o cavalo pouco aproveita e que pode inclusive contribuir para um quadro de impactação que pode levar o animal a óbito.

Da mesma forma, a ração fornecida a nossos cavalos deve ser da melhor qualidade possível. Além da busca por alimentos de qualidade e de boa procedência, devemos prestar atenção ao estado dos alimentos que vamos fornecer ao equino.

Toda vez que se abre um saco de ração ou um fardo de feno é importante observar cuidadosamente o alimento antes de fornecê-lo a seu cavalo, verificando se não há presença de mofo, um problema comum, na maioria das vezes originado por más condições de armazenamento, e que pode trazer grandes transtornos para o cavalo. No haras ou em sua propriedade, reserve locais limpos, protegidos de umidade e bem ventilados para armazenar sua ração. Procure manter os sacos distantes do chão (sobre estrados) e das paredes, evitando a absorção de umidade que estes pontos acumulam.

Outro princípio básico na alimentação equina é fornecer alimentos apropriados para cada categoria. A ração certa para seu cavalo é aquela que atende às exigências da categoria animal a que ele pertence. Por exemplo, se seu cavalo é um potro de 6 meses, a ração indicada para ele é uma ração para potros em crescimento, como a Equitage Potro Extrusada. Se seu cavalo é um adulto em competição, ou um atleta, ele deve consumir uma ração de alta energia, como a Equitage Supreme, indicada para cavalos de atividade de explosão, ou a Equitage Endurance, indicada para cavalos de atividade de resistência.

Em linhas gerais, seu cavalo estará bem nutrido se a qualidade dos alimentos for a melhor possível e se estes alimentos forem fornecidos na quantidade mínima necessária. Respeitar horários de alimentação, ter atenção ao comportamento do cavalo e à qualidade dos alimentos que ele consome e evitar exageros são algumas boas práticas dentre muitas outras que garantirão a seu cavalo saúde e resultados.
 
Fonte: Artigos Técnicos Guabi / http://www.guabi.com.br/

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